terça-feira, 21 de julho de 2009

Será ou não? Para quem? Eis a grande questão!

Acabo de tomar conhecimento do concurso do festival ROCK ONE e sinto que é uma ideia deveras interessante, mas que não zela pela boa imagem da profissão, que o relações-públicas representa. Possuo formação na área e não concordo com os "requisitos" solicitados para a execução desta função. Um relações-públicas não é um promotor; não é uma figura pública; etc. Pode sê-lo, pode deter um perfil que se adeqúe, mas ao exercer essa profissão convém saber o que é as Relações Públicas (RP); quais as suas técnicas e instrumentos de acção; entre outros aspectos relevantes para o bom desempenho deste cargo. Considero que se um dos itens é a cultura geral, então, critico o facto de não estar patente na documentação disponível, um maior esclarecimento desta área que não apresenta, nos dias de hoje, um imagem tão boa quanto isso, por banalizar-se as coisas desta forma. Caso não saibam, mas existem inúmeras universidades que leccionam este curso. Como tal, estão habilitados bastantes profissionais das RP. Por acaso, faz parte do júri o primeiro relações-públicas de Portugal, o exímio Dr. Avellar Soeiro ou, mesmo, outra personalidade da área? Ou de onde esta profissão é reconhecida: Espanha, França, Brasil, EUA, etc. Esta é uma opinião que expresso, por achar que é um atentado à profissão que tem uma história, relevância no desenvolvimento social e, acima de tudo, uma licenciatura aprovada pelo nosso Ministério da Educação e pelo não reconhecimento desta, enquanto carreira, pelo nosso Governo. Não podemos deixar passar ao lado, a desvalorização desta carreira, ainda, por desbravar. Contudo, também faço uma ressalva ao facto de as telenovelas colocarem esta profissão num patamar nada digno da sua importância social. Um relações-públicas não é um porta-voz; não é um modelo; não é uma actriz; etc. Quanto ao processo de selecção, até acho jocoso. Um casting… qual é a telenovela, filme, ou mesmo desfile que se vai realizar? Podem elucidar-me? Não querendo por em causa um projecto audacioso, não acho que os relações-públicas a desempenharem este papel no evento, não são de todo os mais indicados. As figuras do nosso Jet 7 não são capazes de praticar todas as profissões, ou então, daqui a nada seremos todos figuras públicas e faremos de tudo… não será cair numa perda de valores. Estes não podem ser uma coisa, para o qual não obtêm competências. E por falar em competência… sinto-me bastante irritado, quando vejo uma sociedade nomear a Maia como a RP do ano. Não será brincar com quem é competente no exercício das RP? Para finalizar expresso mais uma vez, a minha indignação pelo facilitismo, a banalização e comodismo em que se vive nos dias de hoje. Falamos tanto de sustentabilidade e, no entanto, quem tem o poder estraga sempre o jogo de fazer a diferença, pelo facto de o individualismo e consumismo sobrepor-se a tudo. Seremos os filhos de uma geração que tornou os dias de hoje mais dignos do ser humano? Quando colocamos o valor e dignidade em causa… Quando olhamos somente ao nosso umbigo… Quando só queremos enriquecer… Quando estamos a tornar nos tios Patinhas… Vamos ser verdadeiros para connosco próprios e com o meio envolvente.

João Figueiredo

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